sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Circus




Sempre gostei do circo porque acho que ele reflecte o palco das emoções e representa o palco da vida, pois as atracções que nele estão inseridas podem ser vistas do prisma da vida real, das personalidades que existem na sociedade.
Lembro-me de me terem pedido para escrever um texto sobre como seria ser um palhaço, e eu com apenas 8 anos respondi introspectivamente que ser palhaço seria triste, pois os palhaços só são felizes quando actuam, e o seu trabalho só vale a pena e é compensatório quando o público aplaude e ri, principalmente as crianças com os seus risos inocentes, ou não...
O palhaço fora do placo é triste porque já não tem motivos para rir e a sua vida transforma-se numa solidão amargurada, em que nada lhe dá vontade de rir, só tem a ténue réstea de felicidade que o palco lhe deixou, de resto, não tem nada.
Isto faz-me comparar o palhaço a algumas pessoas que existem, pois quando estão no palco tudo está iluminado e bem, mas quando saem dele, o palco é escuro e já não há motivos para continuar a fingir que tudo é perfeito e que a vida é bela, pois ela não é! É um palco escuro, com o pano descido e em que tudo só ganha vida e parece bom quando há público, é o palco das ilusões...
Uma vez tive um sonho, sobre o qual acho que muita gente se pode identificar com ele em alguma coisa, pois toda a gente já sofreu perdas e derrotas ao longo da vida. Sonhei que estava a andar sobre a corda dos trapezistas e que as minhas ambições estavam todas do lado oposto ao qual eu tinha começado a minha caminhada. Sonhei que queria mais que tudo chegar ao outro lado para conseguir ter o que queria, mesmo tendo de ultrapassar o medo aterrorizador das alturas e o de puder cair a qualquer momento. Mas mesmo assin seguia em frente, mesmo tremendo e face a um perigo iminente...mas eu continuava com passo firme e sentindo a corda tão fina na planta do meu pé a magoar-me. Mas tinha de ser persistente ou nunca iria conseguir o que tanto desejava, onde eu pensava que estava a minha felicidade.
Quando começara a caminhada pensara para mim própria "não posso olhar para baixo em momento algum" e assim começei o meu penoso caminho e, quando ia a meio da corda, vacilei e cometi o maior erro possível, olhei para baixo! E nesse exacto momento, cortaram-me a corda com uma tesoura gigante e eu caí em queda livre no mar das ilusões, pois o que estava por baixo de mim eram os meus próprios sonhos desfeitos e as derrotas...
A partir daqui posso comparar o meu medo e a tentação de olhar para baixo com o facto de as pessoas ficarem presas aos seus medos mais vis e não enfrentarem o perigo para chegarem onde querem, terem sempre tendência a olhar para o que está mal e o que lhes mete medo, e isso leva-as a perderem o controlo do seu caminho, as suas ambições ficam goradas ou deixadas a meio e isso acaba por ser frustrante.

Novembro de 2007



(Um tema que sempre me fascinou e que me faz viajar, pois adoro a arte circence e a magia que há nela)

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